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| Figura 407 - FOgÕes Whirlpool (europa, 1997) e aeg (alemanha, 2004) |
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O produto direcionado ao mercado brasileiro tem que ter um apelo afetivo, “tem que, pelo menos, prender a atenção do consumidor, num primeiro instante, por alguma coisa. [...] o consumidor precisa estar passando na frente, e, entre n produtos que ele está vendo, é preciso que o foco de sua atenção vá para aquele produto”, afirma a Entrevistada “A” (1998).
No Brasil, em virtude de se ter um mercado mais acirrado, “tem que se estar sempre inovando com coisas que em outros países não existem”, como no caso do tampo de vidro curvo que recobre a área de botões de comando dos fogões, relata o Entrevistado “E” (1998) (ver Figura 408).
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| Figura 408 – FOGões BRASTEMP da linha “clean” (brasil, 1997) |
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O brasileiro é “muito impulsivo” ao comprar um produto, característica que se acentua até mesmo pela falta de uma maior variedade de opções de modelos. Assim, o consumidor, “ou vai pelo preço, como a maioria faz, ou vai por alguma outra razão, que nem ele mesmo sabe. [...] Não tem racionalidade”. Em função disto, procura-se agregar nos produtos “alguns apelos” simbólicos, mas sempre agregando valor de uso também, segundo Bertola (1998; 2001).
Os produtos da Whirpool/América Latina têm um design diferenciado em suas duas marcas, Consul e Brastemp, sendo direcionadas a diferentes de perfis de consumidores do Brasil. A diferenciação entre as marcas fundamenta-se, segundo o Entrevistado “L” (1998), em uma “estratégia de marcas” que agrupa características de consumidores em alguns segmentos, denominados de clusters. Cada um destes traz a explicação de seu significado, “em termos de faixa etária, condição sócio-econômica, preferências, o que acham da vida, o que acham do trabalho doméstico, quais as suas aspirações...”.
A aceitação de produtos varia entre os mercados, em função do “gostar” ou “não gostar”, vinculado aos requisitos simbólicos dos produtos, observa a Entrevistada “A” (1998). Esta cita o caso de um ferro elétrico de cor “rosa” da Electrolux, que vendeu “melhor que água” no Nordeste, enquanto que, na região Sul, causou espanto. O mesmo ocorre com a cor marrom barroco do freezer e refrigerador, que no Nordeste é mais aceita e vendável do que no Sul do Brasil.
Tais exemplos ilustram a natureza heterogênea da cultura brasileira e convergem com a visão de Chaui (2000), dentre outros, acerca do caráter ideológico do conceito de “identidade nacional”, e com o entendimento de Ortiz (1994), dentre outros, quanto à natureza plural da “memória coletiva”, vinculada à vivência de grupos sociais, e ao caráter ideológico da “memória nacional”, que não pode ser compreendida como uma extensão dos “valores populares”. █ |
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