Com base em estudos de casos desenvolvidos nos setores industriais automobilístico, moveleiro e de eletrodomésticos no Brasil, esta tese discute como tem se desenvolvido a prática do design industrial, diante da questão da diversidade cultural, no que tange aos requisitos simbólicos, de uso e técnicos dos produtos, salientando a importância fundamental da sintonia entre o design industrial e a diversidade cultural no desenvolvimento de produtos para a sociedade. Os designers têm vivenciado novas experiências, realidades e desafios, frente ao cenário competitivo e à emergência de horizontes complexos, em termos de mercados, tecnologia, modos de organização do trabalho em corporações nacionais e multinacionais, redes de informações e influências, no seio do processo de globalização. Em tal contexto, destaca-se a importância e a responsabilidade de sua participação no processo de desenvolvimento de produtos para a sociedade, na medida em que a sua atuação é determinante na interpretação dos requisitos simbólicos, de uso e técnicos, e no desenvolvimento da cultura material. Esta tese fundamenta-se no entendimento da cultura como a teia de significados tecida pelas pessoas nas sociedades, onde desenvolvem seus pensamentos, valores e ações, e a partir da qual interpretam o significado de sua própria existência, segundo Geertz (1989; 1996). Considera que a diversidade cultural é expressão fundamental da identidade dos indivíduos, a qual, por sua vez, tanto no âmbito da cultura, quanto do design, não cabe em conceitos herméticos e absolutos, fronteiras territoriais, legitimidades e parâmetros fixos, em vista de sua natureza complexa e dinâmica. A metodologia adotada insere-se no paradigma interpretativista, com abordagem qualitativa. A tese compreende três partes principais: a primeira apresenta o marco teórico; a segunda, a contextualização do design nos setores e empresas pesquisados; e a terceira, a interpretação dos resultados dos estudos de casos. Seus principais resultados estão agrupados em cinco capítulos, que tratam da manifestação da diversidade cultural no design industrial: 1) a tradução dos requisitos simbólicos; 2) a contextualização dos requisitos de uso; 3) a materialização dos requisitos técnicos; 4) produtos importados e preferências do consumidor brasileiro: divergências e influências; e 5) o paradoxo do fator custo no design industrial: obstáculo e promoção à diversidade. |