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Figura 399 - freezers horizontais Kiriazi (egito, 2004)
Identifica-se uma pluralidade de tendências na configuração de eletrodomésticos, inclusive dentro de um mesmo país. Na Itália, por exemplo, produtos com cores e acabamentos mais alegres e descontraídos coexistem com outros mais conservadores e simplistas (ver Figuras 403 e 404).
Figura 403 - FORNOS DE MICROONDAS zanussi (itália, 1998 / 2004)

Figura 404 - combinados refrigerador/freezer rex (itália, 2004)
O mercado brasileiro apresenta uma característica peculiar quanto ao consumo de fogões, diverso de muitos lugares do mundo: o “tampo de vidro”. Segundo a Entrevistada “A” (1998), não há uma justificativa plausível, em termos de função de uso, para a existência de tal componente. Porém, apesar de agregar custo ao produto, trata-se de uma necessidade “emocional”, um requisito simbólico (ver Figura 406).
Figura 406 – FOGÕES CONSUL E brastemp (brasil, 2000 e 1993)
NOTA: Os produtos apresentados nesta figura não se encontram em escala proporcional entre si

    O Brasil é um dos poucos países do mundo que tem a tampa de vidro [nos fogões], que faz parte do ritual de preparo dos alimentos. A dona-de-casa, quando está preparando o alimento, é muito valorizada. Os filhos vêm, perguntam o que está sendo preparado; o maridão, chega e cheira a comida e tal. Ela é a estrela do momento, porque está provendo a família de uma refeição saudável, gostosa. E ela volta para cozinha e deve ficar sozinha, porque todo mundo foi embora, foi ver televisão, ler o jornal, e ela fica na frente do fogão sujo e tem que limpar aquele fogão. E a tarefa que ela mais detesta é limpar o fogão. E daí a tampa do fogão funciona quando ela acaba de limpar o fogão. Ela gosta de fechar a tampa, pôr um crochezinho e o vaso. É o ritual de encerramento da tarefa aborrecida. Então, se a gente tira a tampa de vidro, dificilmente você vai vender um fogão, porque tem que ter um vasinho em cima, um elemento de enfeite, de capricho, e é o sinal de que ela concluiu a tarefa, de que ela está livre. (ver vídeo ) [...] Na Argentina e no Chile, não há a mesma relação com o fogão e com a tampa de vidro. Então, para aqueles países, diversos modelos vão sem a tampa de vidro, que é substituída por um painel traseiro de acabamento. Além de atender todas as legislações locais, ela atende algumas variações de tipos de prateleira, forno, tipo de queimadores, controles de acendimento. Então, o fogão é aquele que tem a maior variedade de adaptações para os mercados locais, diferente das lavadoras, refrigeradores, que são produtos bastante similares aos nossos. (ver vídeo ) (FIORETTI, 2006)
Os fogões alemães são bastante distintos dos brasileiros, em termos de funções simbólicas. E quase todos aqueles que já foram testados para importação no Brasil foram reprovados pelos consumidores brasileiros, quando comparados a outros concorrentes nacionais, apesar daqueles apresentarem vantagens em termos de materiais (mais nobres) e recursos tecnológicos. Os fogões brasileiros apresentam apelos visuais “mais exagerados, para chamar a atenção” do consumidor e para levá-lo a procurar um modelo novo. Já os fogões alemães, que não apresentam tanta inovação na aparência, têm menor presença na loja e chamam menos a atenção, relata o Entrevistado “J” (1998) (ver Figura 407).
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