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Figura 441 - caminhão norte-americano freightliner “classic xl” (2003)
Figura 442 - caminhÃO Volvo “VN”, comercializado no mercado norte-americano (2003)

Figura 443 - caminhão volvo “nh12”, comercializado na europa (2003)
Figura 444 - caminhão volvo “nh12”, comercializado na américa do sul e austrália (2003)
Figura 445 - caminhão japonês isuzu “FSR” (2002)
A questão de segurança acaba influenciando os hábitos de uso dos veículos. O motorista europeu, por exemplo, pode estacionar seu caminhão no acostamento da estrada e dormir, enquanto que, para o brasileiro, isto não é aconselhável, devido ao risco de ser assaltado. Normalmente, o motorista brasileiro tem que estacionar o caminhão em um posto, que seja um local seguro.

O motorista de caminhão do Brasil dirige em média 10 a 12 horas por dia, o que corresponde à cerca de 14 a 15 mil km por mês, enquanto que o europeu dirige menos. O Entrevistado Z (2001) afirma: “A questão do conforto do espaço de dormir da cabine é também um assunto muito exigido pelo nosso pessoal daqui. Eles fazem da cabine a sua casa. Tem muito motorista que volta depois de 30 dias para casa”.

De acordo com Holzmann (2001), o grau de exigência, em termos de qualidade dos veículos, varia entre as diversas culturas e mercados de consumo. Os motoristas de caminhões europeus possuem um nível de instrução mais elevado e “estão acostumados a um nível de qualidade mais alta”, comparativamente aos brasileiros, que “normalmente são pessoas bem desqualificadas, muitas vezes até analfabetas”.

Diferenças como estas tem se refletido, por exemplo, no uso de recursos tecnológicos, como os de informática, por exemplo, que vêm sendo disponibilizados em caminhões.

Os motoristas brasileiros geralmente encontram mais dificuldades no uso de recursos tecnológicos avançados, tais como os computadores de bordo, comparativamente aos europeus.

    O caminhão tem um computador de bordo que dá uma série de informações sobre o consumo imediato, sobre o desgaste, performance, curva de utilização de motor, e uma série de coisas. O caminhão pode ser ligado diretamente com a frota. O caminhão é cheio de sensores e, no Brasil, são poucos os que utilizam esses recursos. Estão lá disponíveis, mas os caras não usam, não sabem trabalhar com esses dados. Já nos Estados Unidos e na Europa, são muito utilizados, porque eles tentam otimizar tudo. Lá o motorista é muito mais profissional .(HOLZMANN, 2001).
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Verifica-se uma tendência ao emprego de plataformas globais e modularização de componentes no desenvolvimento de veículos, que afetam significativamente o atendimento dos requisitos de uso das pessoas.

Estratégias deste tipo, porém, não atendem plenamente os requisitos de mercados diversos.

Verifica-se, em muitos casos, nos quais o design é tratado de uma forma mais genérica e global, uma interferência na composição dos produtos por parte dos próprios usuários. Isto ocorre com uma freqüência significativa no setor automobilístico, onde, inclusive, tem-se desenvolvido uma forte rede de indústrias paralelas de acessórios. Estas fabricam uma série de produtos, que abrangem, por exemplo: calotas, balizas, estribos, polainas, tapas-sol, climatizadores de ar, calhas de portas, defletores de capô, pára-choques, terminais de escapamentos cromados, pára-barros, protetores frontais, sofás-cama, tapetes, capas de banco, cortinas e revestimentos de piso, dentre outros (ver Figuras 447, 449 e 450).
    ... nós não temos disponível, como item de série, o revestimento liso brilhante. Por quê? Porque ele não é considerado de bom gosto e porque a qualidade não atende os requisitos da Volvo. Só que todo mundo quer e usa, e, então, eles vão lá no "Zé da Esquina" e fazem. E horrível, mas acontece que o cara pára o caminhão em um posto, cheio de barro, e sobe dentro da cabine. E muitos dirigem de sandália. Se ele sobe em um tapete normal de borracha, com aquela textura toda, fica tudo sujo! E com aquele plástico liso, ele passa um paninho, e fica limpo.
    Os revestimentos internos de cabine [dos caminhões da Volvo] são super sofisticados, mas muitas vezes o cara suja. E, dependendo da aplicação, não serve. [...] tem que ser um vinil, no qual o cara passa um paninho e limpa. (HOLZMANN, 2001).
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